domingo, 24 de janeiro de 2010

Divagando

E depois de tanto tempo encarando e repetindo aquele nome,
as divagacões tornam-se incrivelmente rasas e tomadas por ele.
Só o que o cérebro pode processar:
"será que Mariangela tem acento":
Pensaria, certamente, Galileu em meu lugar.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Pavor.

“... enfrentar com tranqulidade o pavor de errar, fracassar, perder ou se prejudicar.” As palavras ecoaram sem perdão na minha cabeça enquanto eu procurava por um lápis, uma caneta ou qualquer coisa parecida dentro da gaveta do meu criado mudo.
Ficar comigo mesma é, sem dúvida, uma das coisas que mais me inspiram... e me machucam. Ao ler a reportagem intitulada “sobre os próprios pés”, vi minha vida patética se desfolhar diante dos meus olhos, ali, na antítese da revista.
Este medo, o “pavor” que o texto citou, tem mantido minha vida bem longe de mim mesma, bem longe dos meus pés e de cada dedo das minhas mãos.
Interessante ver as pessoas me observando de longe e, invariavelmente, me julgando:
“Será que ela tem faculdade?”
“Tão inteligente e não faz nada com isso”
“Tanta capacidade e se prestando a um emprego tão medíocre”.
Eu penso: “tão velha e agindo como uma criança.”
Não só no sentido pejorativo, mas no sentido literal da palavra: insegura, amedrontada, incapaz e tão impulsiva a ponto de apavorar também seus tutores.
De vez em quando a vida faz isso comigo, me dá belos tapas na cara, mostrando-se compassiva à minha situação.
Resta-me agarrar-me a estes estalos de maturidade e sair da minha inércia, antes que este raio de luz veloz onde nos apoiamos chamado “vida” se apague pra mim.
Medos todos temos, o que falta a alguns de nós, estes covardes presos à escuridão (como eu), é matar no peito este vilão individual, é bater o pé no chão com força pra que ele corra pra longe.
Que eu seja capaz de me permitir ver a luz, que meus pés ganhem coragem pra me carregar. Afinal, eu não dependo de mais ninguém pra isso.

Eu não desisto.

Frequentemente, as pessoas me perguntam o porquê de eu não desistir de você.
É estranho, eu sei, é confuso, é até mesmo um pouco de falta de amor próprio da minha parte. Mas eu não consigo. Eu não consigo porque eu conheço uma de você que só faz parte da minha memória.
Esta que grita comigo em público, esta que tem namorada e ainda assim se acha no direito de brigar comigo se me vê beijando outra garota, esta, esta é a que todo mundo conhece, a que irrita todo mundo, a que falta com respeito comigo e faz com que as pessoas que me amam se sintam, mais do que eu, violentadas por este seu sentimento absurdo de posse.
O que ninguém sabe, a que ninguém conhece, é aquela que me leva café-da-manhã na cama, com tudo que eu adoro, no dia no meu aniversário. É aquela que, em meio ao turbilhão do dia-a-dia, sabia manter um sorriso lindo no rosto da hora que acordava à hora de ir dormir.
Aquela que me esperava ansiosa e acordada, tarde da noite depois das minhas aulas, pra comentar comigo o episódio do “House”, linda, cheirosa, de pijaminha, sentada na sala com nossas gatas em volta.
Os beijos, os abraços, as horas infinitas que passávamos deitadas, os filmes, as pizzas, os “The L Word” que assistíamos sem fechar a boca um minuto, achando tudo incrível!
Existe dentro de mim a lembrança desta garota, fofa, doce... que me faz morrer de saudades e, mais do que isso, alimenta a maldita esperança de um dia viver com ela novamente, debaixo do mesmo teto, sendo felizes 24 horas por dia.
Acho que já deixei claro o quanto eu não aceito mais esta garota que você é hoje. Não aceito mais ser humilhada, não aceito mais que gritem comigo e muito menos que me tratem como propriedade. Hoje eu aprendi o que Cássia Eller já gritou a plenos pulmões há muito tempo atrás: “sou minha, só minha e não de quem quiser”.
Se você me quiser ao seu lado e não PRA VOCÊ, quero que você saiba, aqui, pra todo mundo ler, que eu sempre, o resto da vida, estarei disposta a ser sua companheira... mas nunca mais a sua posse.
Eu amo você, pequenininha. Apesar dos pesares, apesar de ter o mundo contra nós, eu amo você.