quinta-feira, 29 de abril de 2010

Chafurde-me.

Tenho em uma das gavetas do meu criado-mudo, ao lado da minha cama, anotado em um bloquinho, a sua palavra preferida.
"Chafurdar".
Só pra eu nunca me esquecer de tudo que me encantou em você, pra eu nunca parar de trazer à memória, todos os dias,o quanto você é única e incomparável.
Me desculpe por ser quem sou. Me desculpe por ser dark and twisted inside. Me perdoe por não poder ser quem você merece.
Obrigada por ser quem você é.
Saudades.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Celibato.

Eu sei que parece que me deu uma pane. Que estou pifada, estragada e quebrada como ser humano, mas eu estou feliz assim. É que agora eu tenho essa coisa, essa coisa toda nova pra mim e pra todo mundo: não quero mais sexo, tô irritada com o sexo, tô com a Lady Gaga que, eu sei, é surtada, mas atualmente é a única maluca que me entende, achando o celibato uma boa idéia.
Teve esta última vez que eu transei e ela foi realmente errada. Errada, estragada e prejudicial. E isso já foi há um tempo atrás, bêbada como nunca com um ex-namorado bêbado como sempre, numa relação sem lembranças, sem vontade, sem motivo algum a não ser a nossa quantidade de álcool no corpo. E aí eu chorei. Chorei por umas duas horas sem parar e desabafei, falando coisas que, é óbvio, eu não me lembro... E nem ele.
Depois disso nada me sobrou e eu não vou atrás de nada. Tenho no meu convívio as duas EX: a ex-namorada e a ex-possível namorada. Com elas não, não sou capaz de transar com nenhuma delas. O sexo acaba envolvendo coisas demais, tendo conteúdos demais, sendo capaz de desencadear brigas demais e eu prefiro ficar só com a parte boa delas. São dois corpos, totalmente diferentes, mas que carregam o mesmo aviso na frente do rosto. Um cartaz, onde já conferi, contém tudo com o que não sei lidar num relacionamento, todas as cobranças que não sou capaz de corresponder, com um giroflex vermelho gigantesco e uma sirene que grita “PERIGO” toda vez que me aproximo de uma delas. (Acho que isso torna o meu celibato algo duplo: o celibato sexual e o afetivo. Pessoas estão me dando dores nas entranhas!)
Aí dizem que os remédios pra minha saúde mental podem ter diminuído meu apetite sexual ou talvez todos os quilos que eu ganhei tomando os mesmos remédios tenham me deixado insegura. No fim, eu sei que pode ser tudo isso, mas gosto de pensar que não é nada disso. No fim eu sei que com a saúde mental no lugar, prezo muito mais pela minha saúde sexual, afetiva e, finalmente, depois de anos de relacionamentos frustrados, fecho-me em minha concha para apreciar nada mais do que a minha própria companhia e, eventualmente a dos meus bons amigos.
E querem saber? Estou mais feliz sem sexo nenhum do que nunca fui com a presença dele.
Um brinde à minha solteirice, ao meu “celibato” e, principalmente, à minha saúde!
Cheers!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Tenho medo.

Tenho medo do escuro. E de cachorro também. Morro de medo de andar de bicicleta e de skate. Tenho medo de rodas. Eu ando a cidade inteira, mas meu coração dispara quando eu desço a rua de casa. Medo. Tenho medo da rua da minha casa. Tenho medo de doenças, em especial, de câncer. Tenho medo de ver alguém que eu amo muito sofrer. Tenho medo de altura. Tenho medo de aranha, mandruvá e qualquer outro bicho peludo. Tenho medo que meu pai morra durante a noite. Tenho medo que minha mãe morra de acidente de carro. Tenho medo que meu irmão adoeça, muito medo, um medo absurdo! Tenho medo de perder um amigo. Tenho medo de atravessar a rua. Tenho medo de dirigir na neblina à noite. Tenho medo de andar de moto. Tenho medo do futuro. Tenho medo de ficar velha, tenho muito medo de rugas. Tenho medo de engordar. Tenho medo de usar drogas, em especial as psicodélicas. Tenho medo de perder. Tenho medo de errar. Tenho medo de tentar, na verdade. Tenho tantos medos, que acho impossível compilar num texto só. Mas de uma coisa eu tenho certeza: nada me apavora mais do que NÓS.
Eu e vc. Isso sim, isso me apavora.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Que ela soubesse.

Lindos e grandes. Claros, de uma cor hipnotizante. Os olhos dela foram o que me fizeram querer saber do resto. Eles tiveram este poder sobre mim.
Demorou, mas numa tarde divertida, assim, durante a semana, eu acabei sabendo do resto... E adorando cada pedacinho dele.
As bochechas eram cor-de-rosa, os lábios carnudos, o sorriso incrível! Ela tinha um jeitinho de andar que era só dela e que eu achei encantador!
Tímida, mas mesmo assim, divertida.
Perdisíssimas dentro da nossa própria cidade! Ela e eu. Talvez pelo frio na barriga que estávamos sentindo por, finalmente, sabermos do resto... E da tensão que carregávamos por não sabermos se teríamos mais que o resto! Pelo menos pra mim, deve ter sido isso.
E andamos, e nos perdemos, e nos achamos.
E num bar vazio, atendidas por garotas que pareciam garotos, assistindo a Britney na TV, soubemos mais que o resto.
Tomamos cerveja, falamos de nós, nos sentimos confortáveis. Tão confortáveis que a eu parei de ouvir a voz dela e comecei a ver aquela boca rosa se mexendo. E aí foi a boca que me hipnotizou. E eu a beijei. E eu adorei. E acabou.
Soubemos do resto, tivemos mais do resto, eliminamos a tensão e... Acabou.
Morro de vontade de encontrar com ela de novo, pra me perder na nossa própria cidade e me deixar hipnotizar pelo claro dos olhos e o róseo dos lábios.
Só... Queria que ela soubesse.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Amor de gato.

Eu tenho três gatos, mas eu poderia ter só a Salomé: porque ela é incrível!
Ela está sempre ali. Ela nunca me deixa sozinha, nunca! Às vezes ela deita perto, às vezes um pouquinho mais longe, mas ela está sempre ali. Às vezes me olha com um olhar de reprovação se não gosta das minhas atitudes ou do meu estado de espírito, às vezes me olha só pra dizer “eu tô aqui, ta?”.
Quando ela está longe, ela mia pra me procurar. Eu respondo, ela vem.
Ela me espera na porta do banheiro quando eu estou no banho e às vezes, até dentro do banheiro. Se estou no quarto, ela deita na cama comigo, ou fica apenas caçando mosquinhas pra se divertir, por ali mesmo. E me divertir também.
A única exigência da Salomé são as portas abertas. Ela odeia portas fechadas, ela mia reclamando, um miado comprido e arranha a porta, usa a patinha pra tentar abrir, na sua incapacidade, mas querendo me dizer pra dar a ela a liberdade de ir e vir.
Ela tem disso: muita liberdade. Ela tem os momentos dela e eu os respeito. Ela deita na sua almofada preferida pra dormir ou embaixo da mesa pra “refletir”. E tem o Mathias. Meu gato persa, incrivelmente lindo que é apaixonado pela Salomé. Todo mundo é apaixonado por ela e ela lida muito bem com isso. Muitas vezes ela só quer brincar com o Mathias pra depois voltar a cuidar de mim... E eu respeito.
Minha pequena felina é o exemplo perfeito de relacionamento humano que eu sonho pra mim. Cheio de carinho, cuidado, espaço, respeito e liberdade. A Salomé me ensina, todos os dias, com seu jeitinho discreto de amar, que ter ar pra respirar só faz com que a plantinha do sentimento brote cada dia mais verde, mais linda, mais viva e mais saudável.
Por enquanto é ela. Eu amo a Salomé e ela é minha companhia. Mas eu sei que um dia eu vou encontrar minha “Salomé humana”, que vai entender minha necessidade de espaço, que vai me procurar quando eu preciso sem que eu peça e que vai ser, em sua liberdade, a mais leal das companhias que eu poderia querer.