quarta-feira, 26 de maio de 2010

Procura-se

Procura-se um amor que não goste de maconha. Isso, exatamente: maconha!
Tenho sérios preconceitos contra maconheiros, maconheiros mesmo, não contra quem usa esporadicamente, eu digo pessoas que fazem da vida uma eterna viagem de beck, que acham que um filme só tem graça se estiver chapado, que um show de rock não é nada sem uma brisa, que falam muito sobre esse assunto, que acabam considerando a maconha uma religião, tão sagrada, que passa a ser melhor que o próprio sexo pra essa categoria de seres humanos. Acho imaturo, acho incoerente, acho vazio. Deles, quero absoluta distância! Até porque, me permito a ter pequenos preconceitos.
Procura-se alguém que não goste de rave, que não goste de drogas em geral e que consiga enxergar o quanto é sem nexo pessoas pularem durante horas a fio diante de um som, muitas vezes, pobre e repetitivo.
Quero alguém que curta rock ‘n roll. De qualquer tipo, de qualquer década, que conheça um pouco do que gosta e possa discursar horas sobre o assunto quando eu não souber do que a pessoa fala. Que goste de show de rock. Que goste de barulho de rock.
Alguém que seja pareceria pra uma cerveja no fim da tarde e pra muita cerveja no fim de semana. Alguém que continue agradável depois de beber e que de maneira nenhuma pense em dirigir qualquer coisa motorizada depois disso.
Tem que gostar de gatos, também. Pra mim, o apreço aos felinos ultrapassa a máscara do que parece ser. Acredito que pessoas que gostam de felinos são infinitamente mais sexys, mais confiantes e cultivam a individualidade.
Individualidade. Essencial, primordial, fundamental! Quero alguém que respeite meu espaço, que me dê tempo pra ficar com a minha família, meus amigos ou apenas com meus livros. Quero alguém que precise ficar apenas com seus livros de vez em quando. Quero muito alguém que goste de ler.
Alguém divertido, capaz de pensar junto comigo nas coisas mais imbecis, nas soluções mais inusitadas pra problemas comuns e que consiga enxergar as coisas, as pessoas e as ações das mesmas com uma certa profundidade cômica e exagerada. Adoro exagero, adoro bom humor.
Quero que este alguém faça carinhos em minhas futilidades. Quero alguém que saiba se vestir e me surpreenda todo dia com sua beleza e bom gosto.
Tem que ser bom ouvinte, porque sou ótima falante, mas também tem que ser falante, pois sou excelente ouvinte.
Tenho que aprender, e muito, com quem está do meu lado.
Tenho que admirar de forma única, qualidades raras que a pessoa carrega e isso se trata de qualquer coisa!
Pode cantar no chuveiro, tocar trompete, escrever muito bem ou ser bom em cálculos matemáticos.
Procura-se alguém independente. Alguém sem cobranças, sem carências absurdas, alguém que aprecie um ar pra respirar. Eu preciso de ar e eu adoro dar ar. Alguém que considere este meu certo desapego uma qualidade e o utilize pra me encher de elogios na frente dos amigos. Que jamais me cobre ciúmes ou posse. Eu não dou e eu não aceito receber.
Alguém maduro. Alguém maduro o suficiente pra achar tão divertido tomar um vinho sentado na calçada apreciando a lua quanto um jantar em um restaurante chiquérrimo regado a champanhe. Alguém sem preconceitos. A não ser os pequeninhos a que a gente se permite, como não gostar de gente que fuma narguilé na rua. Adoraria alguém com este preconceito. Mas aberto, de bom coração e de uma compreensão mágica quanto a todas as outras coisas que seria normal odiar... Quero um ser humano cabeça aberta. Um menino que pegaria outro menino, ou uma menina que pegaria meninos também. Quero fluir na vida e quero este alguém do meu lado.
Quero amor, quero respeito e quero tanta segurança e admiração (tanto de uma parte quanto da outra) que o ciúmes seja apenas uma palavra que a gente já esqueceu o significado, e a posse... bom, a posse a gente usa quando estudar história, latifundiários, e etc. Nada pra nós.
Pra nós todo respeito e admiração. O amor vem com o tempo, a amizade também, a paixão pode durar ou não, mas hoje eu sei o quanto preciso de respeito e admiração de duas vias.
Alguém se habilita? =)

domingo, 16 de maio de 2010

Detestável.

Eu te odeio!
Você e seus monossílabos ridículos, os monossílabos e as expressões de “playboy da rave” como “nem”, “beleza”, “de boa”, “foi mal aí”, “vibe”, “bad”, e outras que me recuso a lembrar, porque odeio.
Esse seus ciúmes besta. O sentimento que, na maioria das vezes, é o responsável pelos seus monossílabos.
Você e seus amigos. Você levando todo mundo pra casa, passada de bêbada, colocando sua vida em risco e batendo o carro dentro da própria garagem. Odeio suas amizades.
Sua gargalhada alta. Eu tenho horror a gente que gosta de chamar a atenção e você, tão pequena, é bem assim.
Mimada, ardida, teimosa, que me convence a fazer tudo o que você quer! Eu me sinto abusada e violentada depois disso. Sempre!
Aí tem seu perfume. Esse cheiro viciante que fica em mim quando eu te abraço e me deixa meio burra.
Seu sorriso. Que ódio que eu tenho de não conseguir esconder o brilho nos meus olhos quando você sorri pra mim.
Esses seus braços pequenos demais, que adoram me colocar no seu colo pra me deixar protegida.
E seu jeito descontraído e inteligente que me entretém por horas sem enjoar, me impedindo de ir embora, mesmo quando eu quero ir.
Você e essa mistura mal feita de qualidades e defeitos, você e tudo isso que eu amo e detesto, principalmente as coisas que detesto em todo mundo e são tão suas!
Você ainda é a pessoa que eu mais quero odiar, você, é a dona do meu esforço diário pra apagar um pedaço da memória, como quem quer parar de comer brigadeiro ou parar de beber, como quem fuma o último cigarro.
Deve ser a amídala. Dizem que a amídala cerebral é a responsável por esse inferno que é sentir falta do cheiro. Espero ansiosa pelo dia em que poderemos fazer amidalectomia pra isso também.
Você... Aargh, VOCÊ!
Você é detestávelmente impossível de esquecer.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Passa.

E é isso, é exatamente isso que me incomoda: essa coisa de virar um ser humano do dia pra noite, essa coisa toda de sentir, de pensar, de pensar em alguém e de pensar em mim mesma, de me reconhecer como indivíduo defeituoso que sou, que somos todos nós.
Porque a verdade é esta, a verdade não é você, a verdade sou eu.
A verdade não é sentir falta do seu cheiro, do seu cabelo, do seu beijo, do seu sorriso e do seu jeito bobo de ser a criança que é. Este não é o problema maior, isto eu relevo, eu entendo, eu controlo numa boa.
A verdade, nua, crua e cruel, é perceber a mim mesma. É perceber minha carência imensa, minha necessidade de pequenas manifestações suas pra mostrar que pensa em mim, que me tornem um indivíduo defeituoso, porém querido por alguém, ocupante de um espaço nos dias e nas noites de alguém.
Reconhecer a mim mesma, assim, como ser humano e não como o robô celibatário que tenho sido, que tenho empurrado goela abaixo de quem me cerca e, mais importante que isso, de mim mesma, é essa verdade que incomoda, que fere, que irrita, mais do que tudo ela irrita, irrita imensamente, essa revelação minha para mim mesma, isso me irrita!
Mas não tem problema, tudo passa. Ser humano passa. Esperar uma mensagem sua, um recado, uma notícia, passa. Não ser importante na vida de alguém com um abraço tão gostoso, passa. Eu passo. E volto a ser mecânica, gelada, metálica.
Eu gosto de mim assim.
O que você gosta, o que os outros gostam, o que é correto e agradável, o que me torna fofa, amável, humana... isso tudo passa.