domingo, 11 de dezembro de 2011

Judite pra sempre.

Hoje eu acordei com uma saudade absurdamente dolorida da minha Juditinha, portanto resolvi postar um texto, que escrevi faz tempo, mas é pra quem merece de verdade: minha fiel, devota e adorada cachorrinha. Não é um texto bonito, é só uma carta de despedida. Ela merecia muito mais.


Eu não lido muito bem com a idéia da morte. Na minha concepção, aqueles a quem amamos demais deveriam durar pra sempre. O fato de passar o resto do meu tempo aqui na Terra, sem determinados alguéns ao meu lado me assusta. E eu a amei, muito! Mas não adiantou.
Amei-a desde o momento em que soube que ela existiria, desde antes dela nascer. Passei anos da minha vida querendo que ela nascesse. “Engravidei” dela. Comprei caminha, perfumes, lacinhos, roupinhas e passei horas e horas dos meus dias pensando em um nome que ela merecesse.
O dia em que a conheci foi incrível e eterno pra mim. Ela era tão linda, tão pequenininha, branquinha, maravilhosa! E agora seria minha companheira, pra sempre. É o que a gente sempre pensa... pra sempre!
Eu me despedi, eu pude fazer isso. Algo dentro do meu coração dizia que eu nunca mais a veria e, infelizmente, eu estava certa. Agora só tenho estas lágrimas incontroláveis e esta dor permanente.
Ainda assim, tenho algumas coisas a falar pra ela, por favor, permitam-me.
Obrigada, Judite. Obrigada por esses 11 anos.
Obrigada por ter me deixado uma semana toda sem dormir quando você chegou. Só assim eu descobri que você parava de chorar se dormisse do meu ladinho e achei isso lindo.
Obrigada por todas as vezes que você me chamou pra brincar e eu aceitei, claro, porque correr atrás de você e te ouvir rosnando era muito divertido.
Obrigada por ter sido tão compreensiva quando eu resolvi te ensinar a não comer mais comida de gente depois de ter rachado um pacote todinho de trakinas de limão com você.
Obrigada por ter sido minha companheira de todas as horas, por ter se preocupado comigo quando eu chorava, por estar sempre ali pra mim, só me olhando e me amando. Era tudo que eu precisava.
Perdoe-me por ter sido tão relapsa, por todas as vezes que não te levei pra passear, pelas vezes que esqueci seus remedinhos, pelas vezes que não estive por perto pra impedir que a Frederica te machucasse.
Sinto muito pela vida que você teve... Sempre tão doentinha! Espero que você esteja num lugar bonito agora, que você tenha voltado a enxergar e a comer comida de gente, muita, muita comida de gente!
Perdoe-me se não fui tudo que você precisava, eu não sou perfeita e eu erro muito! Principalmente com aqueles que amo.
Eu nem sei o que dizer ou sentir, só tenho esse rio de lágrimas e esse buraco de saudade dentro de mim.E o pior de tudo é não ter você aqui pra lamber meu rosto e me olhar com aquela carinha de “vai ficar tudo bem”.
Vai ficar tudo bem, não vai, Dite? Pra mim e pra você, vai ficar tudo bem.
Vou sentir saudades de cada pedacinho seu.
Do seu latido ardido quando alguém chegava em casa e novamente quando saía.
Dos seus escândalos em datas comemorativas, porque não gostava dos fogos.
Da vergonha que você me fazia passar porque mesmo depois de ter retirado o útero você não perdeu seu interesse sexual pelas pernas dos meus amigos e amigas.
De você de pé na beira da pia, pedindo melão pra minha mãe (que era sua também).
Saudades de perguntar pra você “cadê a barriga?” e ver você virando ela pra mim, redonda e rosa, esperando carinho.
Saudades de olhar pro lado ou pra trás e te ver sempre ali, grudada no meu pé.
De você me escalando pra deitar no meu ombro dentro do carro, porque era ali que você gostava de ficar desde bebezinha.
De como você vinha feliz mostrar pra mim ou pra Vani que você tinha voltado do banho e estava linda e cheirosa.
De você dormindo na minha cama, de você me esperando no topo da escada quando eu chegava em casa, de você me amando incondicionalmente mesmo diante de todos os meus erros com você.
Eu te amo muito, cachorrinho.
Saudades e gratidões eternas.
Rest in Peace, little friend.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Perfeito.

Eu poderia passar minha vida apenas sentindo a pele dele, macia e nua, tocando a minha. Apenas sentindo o cheiro do pescoço dele e o deslizar suave daquelas mãos imensas sobre o meu corpo.
Mas daí tem o beijo. Aquela boca linda, doce e incrivelmente rosa me beijando macio, me viciando. E os outros beijos. Os beijos todos que ele distribui por cada centimetrozinho cúbico da minha pele, provocando arrepios indescritíveis.
Dentro de mim. Quando o tenho dentro de mim, se demorando, me virando e me revirando, me enlouquecendo, me arrancando gritos, suspiros, êxtases(!), tenho vontade de que o mundo acabe ali mesmo!
E quando ele já podia parar de ser incrível, quando ele já podia virar apenas um cara de quem eu me lembrasse com tesão, ele me surge assim, perfeito.
Me acordando com um abraço gostoso e um “bom dia, meu cookie de baunilha”, me levando pra comer minha comida favorita sem saber, passando a tarde comigo no parque levando a Paçoca pra passear, reparando em meus sapatos, meus cabelos, minhas lingeries.
E fica mais ridículo a cada minuto que passa. Com nossas semelhanças infinitas, com nossas gargalhadas bobas, com essa perfeição absurda que ele tem ali, do alto de sua brancura e de seus olhos azuis.
Eu sei, eu sei, mas a palavra é “perfeito” mesmo. Perfeitamente cheio de defeitos que eu já aceitei porque também são meus. Perfeitamente imbuído de qualidades minhas e mais todas as dele, que o torna, segundo a segundo, mais encantador.
É assim, sem me preocupar com o ontem e muito menos com o amanhã, que começo minha semana. Extremamente feliz pelo meu hoje... “E pelas diferenças que ainda existem”.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Epifania.

Que coisa louca é este momento chamado “epifania”.
Isso de se dar conta das nossas atitudes, dos porquês de todas elas, das conseqüências que elas causam e de que elas não são decisões feitas assim, ao vento, e sim propositalmente.
Há quase dois anos não me envolvo em relacionamento algum, mas venho me apaixonando com uma freqüência assustadora. Todas as vezes por pessoas impossíveis. Pessoas que namoram, pessoas que não me querem de forma alguma, pessoas que ignoram minha existência, pessoas que me enganam, enfim, pessoas que não podem caminhar ao meu lado na rua, pessoas que são incapazes de corresponder ao meu sentimento, repetidamente, platônico.
Me pego sofrendo, dia após dia e me curando sozinha, rapidamente, pra começar a sofrer de novo, agora, por uma nova paixão besta.
Questiono e questiono, tentando entender o porquê de isso estar acontecendo comigo. Quando um dia, um dia comum, durante um banho, acende uma lâmpada na minha cabecinha e me deixa vislumbrar a resposta, provavelmente óbvia pra qualquer outro ser humano que não eu: não quero me envolver, portanto, não me dou a oportunidade.
O chato de perceber esta bobagem é que, de agora em diante, provavelmente eu não me apaixone mais assim, à toa, já que armei meu superego com as lâminas da percepção.
De qualquer forma, foi divertido até então. Agradeço aqui a cada uma de vocês, paixões tolas e platônicas, que me fizeram sentir esse carnaval de sentimentos amontoados e passageiros.
Agradeço ao vocalista da banda colorida que me “obrigou” a ouvir suas músicas românticas, revezando com a sempre presente Amy Winehouse, enquanto sorria, boba, com todas as qualidades que eu achava que ele tinha.
Ao colega tímido e incrivelmente inteligente do cursinho, que me fez ter medo de ouvir Beatles, por trazer a minha mente todas as lembranças que tinha dele.
Ao garotinho incrível que, aos 16 anos, me deixou absurdamente encantada e me devolveu a coragem e o prazer em ouvir Beatles.
Ao cara bonito e "rude", que mexeu tão instantaneamente comigo e destruiu tudo numa velocidade maior ainda.
À garota linda e divertida que foi embora da cidade sem ao menos me avisar, deixando-me sem entender nada.
E ao Tomas. Bom, impossível não se encantar por alguém que adiciona genialidade a uma personalidade absurdamente parecida com a sua.
Vão em paz, rest in peace.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Assustadoras

Só tenho amigas incríveis. Amigas lindas, inteligentes, independentes, decididas. Resumindo: Amigas assustadoras!
Ao longo dos anos as mulheres vêm lutando por um monte de coisas. Cada uma dessas conquistas deveria facilitar a nossa vida. Mas elas complicam.
Hoje, minhas amigas querem sexo. Nenhuma delas quer um namorado, um futuro marido, um pai pra sua prole. Elas querem sexo bom e constante. Alguém pra quem elas possam ligar sem medo e dizer “quero te ver”, deixando subentendido, sem precisar de mais explicações, que querem sexo.
“Eu sou uma fêmea, preciso de sexo assim como um macho precisa”. Palavras sábias de uma das minhas amigas assustadoras.
Até onde sabemos, os “machos” também querem sexo. Sem compromisso, sem amanhã nem depois, sem muito “amorzinho”, sem preocupações. E é aí, exatamente no ponto em comum, que os gêneros se afastam.
Uma mulher decidida, depois de tanta luta, não tem hoje o direito de querer apenas sexo, porque ela apavora os garotos que também o querem.
O ranço machista nos persegue e impede que exerçamos nossa liberdade de escolha e a cada dia que passa, uma mulher incrível torna-se ainda mais assustadora para machos frágeis, que ainda não aprenderam a lidar com a igualdade que conquistamos.
Não me canso de ouvir reclamações do tipo: “o que está acontecendo com os homens?” E repito: não é o que está acontecendo com eles, é o que acontece com a gente!
Cansamos dos joguinhos, cansamos de ser caça, cansamos de esperar, de nos submeter, de nos contentar com o que temos. Queremos mais e sabemos exatamente o que queremos. Eles fogem, eles temem, eles ainda não entenderam qual é a da mulher moderna.
A nossa é sexo, queridos. Às vezes amor também, porque não? Mas do nosso jeito: amor livre e companheiro. Não dependente.
Agora sentamos nossos corpinhos cheios de curvas e necessidades e aguardamos. Depois das muitas vitórias femininas, esperamos a revolução masculina, onde eles serão capazes de se sentirem seguros o suficiente pra ter ao lado (para sexo ou amor) mulheres incríveis como as que me rodeiam hoje.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Diálogo

- Você tá chato!
- Eu tô chato?
- Tá, mais chato que o normal!
- Quer dizer que eu sou chato?
- Um pouco...
- Então eu tô chato?
- Você tá estranho.
- Tô, tô um pouco mesmo. Coisas, muitas coisas...
- Que coisas? Quer conversar?
- Eu não sei, eu não sei. Eu não sei que coisas, eu não sei de nada!
- Você sabe, só não quer falar.
- Não, não sei! Não posso não saber de alguma coisa?
- Pode, ué! Tá...
- Tá... Que estranho.
- O quê?
- Essa sensação...
- O que você está sentindo?
- Eu não sei!
- Tá bom!!!
...
- Conversa estranha...
- Nada!
- Foi sim...
Ele diz e abaixa os olhos... Ri um pouco nervoso, mexe nos cabelos encaracolados e volta a fazer a cara de “não sei!”.
Ela, com um cigarro e um ar blasé, começa de novo a conversa.
- Família?
-Não, não... É que eu acho que perdi minha essência!
- Como assim? Desde quando?
- Desde que saí da casa da minha avó.
- Isso não acontece, ninguém perde a essência em uma semana, meu bem!
- Eu perdi a minha, aconteceu comigo...
- Você não precisa de ninguém pra sustentar sua essência, você tem que se bastar e eu sei que você se basta, tá tudo aí com você!
- É... – e enche aqueles olhos, de cílios enormes, de lágrimas contidas.
Ela levanta, senta-se ao lado dele e o acolhe nos braços, preocupada, acariciando os cachinhos.
- Eu tô com medo de não saber quem eu sou, eu tenho uma decisão pra tomar e... Eu sou um cara indeciso!
- Uma decisão é sempre difícil pra todo mundo...
- Tem os dois lados da moeda.
- É... decisão séria?
- Sim! A partir do momento em que eu decidir, minha mente pode se abrir para uma nova realidade e eu posso nunca mais voltar a ser quem eu era... Eu não sei se quero ser outra pessoa!
- Entendo bem de se abrir para o novo. Eu mesma, cética, atéia e realista, já fui evangélica!
- Você? Jamais! Não combina com a sua alma!
- Não mesmo! Não sou mais. Viu? Experimentei e volte, as coisas podem ser assim! Não quer conversar sobre essa decisão?
- Não, ela está numa caixinha... Se eu começar a falar sobre ela, começarei a ver coisas boas nisso e não quero ver! Vai se tornar muito real... Deixa lá.
- Eu entendo... Entendo mesmo.
- Tenho me sentido muito bonzinho, muito maleável e eu não sou assim! Deve ser esse cabelo... Com cabelo curto eu passei no vestibular, agora...
- Pare de bobagem, garoto! Seu cabelo é lindo e não tem nada a ver com vestibular!
- Ah, é? Eu tenho cara de quê?
- De fofo, de neném.
- Então, não quero mais ter essa cara! Quando eu olho pra você, vejo sua personalidade, você vê a minha quando olha pra mim?
- Não, é preciso conversar com você...
- Então!!! Vou cortar esse cabelo, vou acabar com essa cara de anjo!
- Tá!
- Tá?
- Sim, tá.
- Pq?
- Corta o cabelo!
- Era isso! Pronto, viu? Consegui falar.
- Era isso? Seu drama pessoal eram seus cachos?
- Sim! – sorriso enorme.
- Então corta, garoto, corta agora esse cabelo!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Bittersweet.

Um dia você me pediu pra que te descrevesse com apenas uma palavra. Você é muita coisa, precisei de um texto inteiro pra isso.

Você é doce.
Começo com este adjetivo clichê porque ele é muito importante pra mim. Importante a ponto de tatuá-lo no braço e você o possui.
O mais legal da sua doçura é o fato de você odiar ser doce! E isso te torna levemente amargo, nisso e em todas as suas indagações e divagações sobre a vida, essa sua coisa carrancuda de querer ser o velho chato que você não é. E é aí que você fica agridoce. E não há sabor no mundo que eu goste mais do que o agridoce, eu como mortadela com doce-de-leite! Perversões gastronômicas a parte... Eu adoro o gosto que você tem.
Voce é complexo.
Capaz de dificultar tudo que é fácil, complicar o que é simples, questionar o que já está respondido claramente, ler entrelinhas onde não há, fazer tempestades em copos d’água.
Você é complicado.
Nunca sabe o que esta sentindo, nunca sabe o que esta pensando, nunca quer dizer o que é mesmo quando sabe e eu acredito que você sempre saiba. Mesmo sendo uma confessa amante das letras não sou avessa às matemáticas e adoro quando consigo solucionar problemas difíceis. Você é minha dose diária de função logarítmica.
Você é profundo.
Tão profundo que às vezes eu tenho a impressão de que se afoga ao olhar pra si. Mesmo assim, adoro quando você me leva a nadar por suas águas turvas
Você é fofo!
Você é essa mistura original de criança fofa com homem complexo que consegue despertar vários lados da mulher complexa que minha criança interna se tornou.
Meu alter-ego, uma das minhas companhias favoritas.
Você assim: agridoce, complicado e com esse seu cabelo tão bagunçado quanto a sua cabecinha, tem feito meus dias mais felizes e meu levantar da cama bem menos doloroso todas as manhãs.
Nossa parceria vai me fazer falta e você vai me deixar uma saudade enorme!
Espero que você saiba disso.