quarta-feira, 14 de março de 2012

Eu tentei.

Há alguns anos trás, quando tatuei “sweetness” em meu braço esquerdo em homenagem a um grande amor (que sempre será grande e sempre será amor), ouvi de volta dela, objeto de minha devoção, que a homenagem prestada a mim, em retorno à minha “doçura” seria uma tatuagem, pequena, porque ela morre de medo de dor, onde se leria “intensity”.
Nada mais perfeito, nada mais adequado, nenhuma palavra se encaixa melhor em mim do que intensidade. Sou intensa em tudo, o dia todo, em todos os momentos. Absurdamente intensa, imediatista e hedonista. Não sou fácil. Nem pra mim. Na verdade, muito menos pra mim.
Há tempos venho tendo “não relacionamentos”. Momentos superficiais com quem quisesse dividir comigo prazeres, alegrias, carinhos, respeitos, mas... Superficialmente. Há tempos não sentia muita coisa, mas vivia, sempre intensamente, cada um dos meus momentos, cada um dos meus amores de uma noite, uma semana, algumas horas. Gosto disso, é confortável. É bom ter em quem recostar a cabeça de vez em quando, é bom receber uma mensagem ou uma ligação às vezes, mas é difícil se envolver. É difícil suportar defeitos, é difícil ser fiel à apenas um par de olhos, é difícil se dar conta de que temos que mudar tantas coisas pra conseguir ficar ao lado de alguém. E não era isso que eu queria. Eu queria prazer e carinho, ali, imediatamente, sem amanhã, sem cobranças.
Porém, devido a toda esta intensidade que permeia o meu ser hedonista, eu precisei sentir. Sentir de verdade. E eu resolvi que era hora de me apaixonar. Mas de me apaixonar e ser correspondida. E se tem algo que sou, além de intensa, é obstinada. E se eu resolvi, vou fazer tudo que puder pra que aconteça.
Então, com o coração aberto a uma nova paixão, me vi pensando dia e noite em um destes corpinhos que me presenteavam com prazer e sorrisos momentâneos. Ele pareceu perfeito pra isso, apesar de não ser perfeito pra mim. E é assim que eu gosto, desafiador.
E eu me entreguei, e eu me dediquei. E eu passei a viajar com uma freqüência absurda pra me fazer presente na vida dele que não mora na minha cidade. E passei por cima do meu orgulho pra correr atrás dele todas as vezes que ele fugiu. E corri. E pedi pra que ficasse comigo. E ele aceitou. E eu anestesiei o monstro faminto de dentro de mim, pra que eu não olhasse ou falasse ou pensasse em outro corpinho qualquer, já que ele “merecia” minha fidelidade. E passei a fazer planos de toda sorte para que pudesse passar a maior parte do tempo com ele. E dei um jeito de arrumar viagem de negócios pra cidade dele, de montar um churrasco em plena tarde de sábado chuvosa pra passar o dia com ele. E ele dormiu. E ele ignorou. E ele cagou e andou, falando assim, vulgarmente.
Eu fiz tudo certo. Eu dei pra ele a melhor versão de mim. Eu pisei no meu orgulho, eu corri, eu implorei. E sofri, e chorei, e morri por dentro um pouquinho a cada dia que ele sumia, a cada ligação que ele não fazia, a cada dia que ele me deixava ali, na cidade dele, sem saber notícias de seu paradeiro, longe da minha casa e da minha vida, dedicando cada minuto meu a ele e sem a sua presença.
Eu fiz tudo certo. Pra perceber que estava tudo errado.
Não é querendo que a gente se apaixona. Não é se dedicando completamente que a gente conquista. Não é sendo a melhor versão de nós mesmos pra alguém que vamos merecer atenção. Não.
Não pense que neste próximo parágrafo eu vou começar a descrever então, o que é preciso fazer pra ser feliz com outro alguém porque eu não faço a mínima idéia, eu não sei.
Só sei que entendi, só agora, que não depende de mim. Eu, que sempre fiz tudo errado, sempre achei que a culpa fosse minha, que sempre achei que me declarava de menos, que me entregava de menos, que era fiel de menos, que me esforçava de menos, que o fato de eu me aceitar como sou me atrapalhava, então o melhor era me modificar, eu que sempre achei que tudo dava errado porque eu estava sempre errada, percebi que, quando a gente faz tudo certo, é muito mais doloroso. Quando a gente faz tudo certo, a que podemos culpar?
Sim, era o que eu queria. Eu queria sentir. E eu senti, bastante. Eu me senti apaixonada, eu me senti boba com a presença dele, senti meu coração disparar ao ouvi-lo me chamar, toscamente, de “princesa” ao telefone. Senti que o abraço dele fazia valer a pena cada segundo das 6 horas de ônibus que eu enfrentava para vê-lo, senti saudades do seu cheiro, da sua pele, da sua barriga tatuada, da sua gargalhada escandalosa. E sentir saudades foi bom. E sentir paixão foi bom. E sentir vontade de ter um pouquinho mais dele pra mim, também foi bom, porque cada vez que ele deixava escapar uma bobagem qualquer do tipo “tô na sua”, parecia que eu estava ganhando um milhão de reais em recompensa por um trabalho bem feito. Eu senti um monte de coisas. Então minha missão foi cumprida. “Dez pontos”, como diria um amigo.
Intensa, não consigo apenas aceitar que não deu certo e partir pra outra. Agora não quero mais. Senti, chorei, me esgotei. Entro em hiato emocional novamente. Fechada pra balanço, pra beijos, abraços e sexo bom. Agora quero me apaixonar intensamente por mim. Até o dia em que eu não me suporte mais e comece tudo outra vez...

9 comentários:

Anônimo disse...

Saudade de te ler, toda linda, toda intensa, toda entregue!!
Beijos
B.A

White disse...

Faça tudo direito. Mas sem pensar que está fazendo. Aí sim, encontrará o paraíso.

E provavelmente achará pouco, desdenhará e sairá se lamentando por algo que não entende. Ninguém entende.

Anônimo disse...

Hum..foi racional. Vc resolveu se apaixonar e fazer td dar certo. Escolheu alguém. Foi direto e crua.
Não deu certo porque faltou ¨amor¨, por si própria.

Patrícia Alvino disse...

Anônimo, querido, vc não sabe 1/5 da história, não tente julgar meu amor próprio por algumas poucas linhas, por favor. Quem me conhece sabe muito bem que se tem uma coisa que eu faço é me amar pra caralho. Obrigada por ter me lido, anyway, volte sempre! ;]

Anônimo disse...

Nesta linha de corpinhos...estão inclusas meninas, tbm? Diga que sim...rs...

Mariana

Patrícia Alvino disse...

Simmmm, Mariana, siimmm!!! Hahahaha ;]

Anônimo disse...

Ufa! Ok! Então posso continuar sonhando com você linda..te adoro ler e te sentir!

bjs
Mariana

ana maria disse...

É um enorme prazer que sinto em te (re)conhecer, de um jeito que gosto e respeito mais que em quaisquer outros encontros (sociais). De um jeito em que o olho que lê entra no olho que escreve e se envolve de tal maneira que, ao final, existe um olho só: o de uma mulher, em que coexistem todas e absolutamente nenhuma. Nenhuma igual a outra. Assim como nenhuma manhã é igual a outra. Nenhum amor é igual a outro. Assim como viver é um eterno conhecer-se aos outros e a si mesma. Muito, realmente, prazer!

Anônimo disse...

nada melhor pra te descrever do que intensa...essa é a palavra!!!adoroo demais esse seu jeito!!te conheço a pouco tempo mas sou apaixonada pelo seu jeito de viver,de agir,você é como muitas pessoas gostariam de ser!!!intensa e determinada !!!tem um brilho que ofusca tudo ao seu redor!!os poucos, mais loucos e intensos momentos que passei ao seu lado guardarei com carinho em minha memória e tenha certeza que você mudou muito minha vida pra melhor é claro... só tenho a te agradecer...eu tinha que escrever isso pra você...Linda obrigada mesmo!!!!