sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Apaixonar muda.


Estar apaixonada é mesmo algo muito engraçado.
Tudo muda. Muda mesmo, não é uma sentença ilustrativa.
As cores, os sons, as perspectivas, tanto as visuais quanto as de vida. As expectativas, os sonhos com o futuro, o sabor das coisas, os cheiros, o tamanho da semana, dos dias, das horas, as verdades e as mentiras, a trilha sonora, os lugares que freqüentamos e até mesmo o passado... Até o passado que nos parece a todos sempre tão intocável e imutável em seus acontecimentos e conseqüências, até mesmo o passado, este chacal eterno que carregamos em nossas costas, o passado muda.
Mas o que mais muda dentro disso tudo é o nosso discurso. Alguém aqui conhece algum apaixonado que não passe o dia sorrindo com cara de idiota? Alguém apaixonado que não pense o tempo todo nas coisas que aconteceram ao lado do objeto de seu apreço ou em tudo aquilo que ainda deseja que aconteça? O discurso muda totalmente, fazendo com que um único nome seja parte predominante do diálogo ou do monólogo, dependendo do senso (ou da falta dele) de quem fala.
Não é por querer, não é prá incomodar, mas “a boca fala aquilo do que o coração está cheio”, já dizia o profeta e quando nos vemos com o coração preenchido, depois de tanto tempo de vazio, de solidão, de falta de correspondência, de dor, de angústia, de idas e vindas mal sucedidas, de sexos casuais, de falta de vontade de sorrir, quando vemos que este mesmo coração agora tem vontade de sair por aí cantarolando uma besteira qualquer, isso nos deixa tão satisfeitos e tão gratos a ponto de queremos louvar a criatura, homem ou mulher, que nos proporcionou tal sensação e é aí que falamos, sem parar, dele, ou dela, chamamos todo mundo pelo mesmo nome, citamos todas as besteiras ditas como se fossem pérolas de valor incalculável, esperamos a semana toda como se ela se arrastasse diante de nossos olhos pra podermos tocar de novo aquela pele que arrepia a nossa.
O mais bonito de tudo isso, o mais bonito em se apaixonar e em ser uma pessoa passional, que se permite a esta pequena “burrice” quantas vezes ela quiser acometer é perceber que se apaixonar nunca é igual, por mais que a perda da razão seja sempre a mesma, a sensação provocada é sempre nova.
Eu estou apaixonada, de novo. E mais do que amar o objeto da minha admiração eu amo esta sensação e esta permissividade a que eu me presto todas as vezes que meu estúpido coração me olha com aquela cara de bobo e me pede pra me jogar. Eu sorrio de volta, eu digo “sim” e eu mergulho de cabeça.Sem medo. Com a certeza de que no futuro, uma nova paixão possa mudar este passado. E muda, todas as vezes muda.

7 comentários:

Anônimo disse...

Que bom. Muita sorte pra vocês.Beijos.

Alice disse...

Seja muito feliz com sua nova paixão!

A autora. disse...

Você me permite dizer algo? Gostei muito daqui. Ainda não li todos os textos, mas, certamente, o farei em breve.
Recentemente, reativei o meu 'cantinho'. Quando puder, dá uma passadinha por lá...
Beijo.

Willow, a Bruxa disse...

Sei bem! mUITO BOM SE SENTIR BOBA POR ALGUÉM! :P

Unknown disse...

Olá! Sou Lara Lunna, autora de livros e recente colunista da Parada Lésbica. Gostaria de propor conexão entre nossos blogs:
http://lara-lunna.blogspot.com

Girls On The Side [GOTS] disse...

Oii! Nós do blog GIRLS ON THE SIDE queremos desejar um FELIZ NATAL!

E aproveitar e avisar que temos também um novo blog chamado THE FAMOUS CLOSET!

Lá listamos todas as artistas lésbicas. Assumidas ou não!

Quando der dê uma olhadinha, e nos ajude deixando comentário com nomes de artistas homossexuais.

Bjão e FELIZ 2010!
http://thefamouscloset.blogspot.com/

Luany Brasil disse...

um dos melhores textos seus que já li. Parabéns.