quinta-feira, 19 de abril de 2012

Nena

Eu tenho vários ídolos femininos. Mas como amante da moda, tenho Coco Chanel. Uma mulher guerreira e tão ousada que resolveu vestir calças, quando este artefato ainda era restrito ao guarda-roupa masculino. Louca por amor. Tenho paixão absoluta por mulheres loucas por amor. Coco, Piaf, Amy Winehouse.
Mas acima delas, eu tenho Nair Aragón Previatto. Este não é seu nome de batismo, mas deveria ser. Previatto da mãe italiana, Aragón do pai espanhol. Uma mistura que criou uma mulher incrivelmente forte, resistente, guerreira e sorridente. De pele clara, nariz afilado, bochechas rosadas e pescoço comprido e elegante.
Alguém que amou o mesmo homem por mais de 70 anos, sendo completamente devotada a ele até seus últimos dias, rindo de suas piadas, as mesmas de 50 anos atrás, com a mesma espontaneidade e sinceridade da primeira vez que ouviu cada uma delas.
Inteligente e trabalhadora, cuidou dos próprios pais, dos oito filhos, dos irmãos, dos sobrinhos, de neto por neto, dos bisnetos, sem nunca, em nenhum momento se queixar ou fraquejar, sempre sorrindo e sendo divertida até nas horas de dar as broncas necessárias. Criando pessoas incríveis e que herdaram seu talento para resolver, rapidamente e sem sofrimento, as questões corriqueiras (e sempre complicadas) da vida, com um sorriso no rosto.
Minha avó. A mulher de aço. A mulher que eu mais admiro no mundo e alguém que eu nunca serei , nem daqui 100 anos, por mais que essa seja a minha vontade.
Esta, esposa e mãe devotada, é, sem dúvidas, apesar de contraditório, o maior ídolo da minha história. Alguém em quem nunca encontrei um traço sequer de cansaço, preguiça ou desânimo, mesmo nas longas noites de sábado em que eu passava horas fazendo penteados em seus cabelos lisos enquanto ela esperava minha mãe me buscar de volta. Mesmo depois de perder seu companheiro amado. Sofre, mas sem desistir , sem abaixar a cabeça pra vida. Com um sorriso insolúvel e de uma bondade que ultrapassa o bom caráter e beira (se não chegar a atropelar este conceito) à santidade. Santa. Eu sempre disse que deveriam canonizá-la. Mesmo sabendo que nem eu e nem ela, cremos em santos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Lindo. a Nena é guerreira mesmo. tb admiro! o melhor é rir das mesmas piadas depois de 50 anos hahahahahaha nao é pra qualquer um ;)

Anamélia disse...

E cai uma lágrima,...vontade grande de ir lá abraçar a Do'Nena. Amei, Paty, a Dona Nair é incrível.
De vez em quando posso pegar ela um pouquinho pra mim? rs

Lindo texto! ^^

Beijos

Rafael Only disse...

Oi,ermã!

Nós dois sempre soubemos que a Dona Nena é uma santa,né? O amor que essa nossa avozinha sempre nos deu, sem interesse, tão puro; isso não tá em gibi nenhum!
Acho que o Vaticano é muito burocrático, no que diz respeito à canonizações. A Dona Nena transcende tudo isso. É à partir de homenagens tão lindas, e sinceras quanto essa que você escreveu que será familiar ao mundo a santidade da Nena.
Te amo!
Rafa.